
Fugindo da perspectiva plana. Carracci, “Cristo morto estrumenti della Passione”
O escorço (ou foreshortening, em inglês) é um recurso fundamental do desenho de anatomia e da figura humana quando o corpo ou parte dele é visto em perspectiva, criando a ilusão de profundidade e volume.
Em termos simples: é quando um braço, perna ou até o corpo inteiro parece “encurtado” porque está apontando para o observador ou se afastando dele. O escorço é, portanto, um efeito ótico da perspectiva aplicado ao corpo humano.
Pontos principais sobre o escorço no desenho anatômico:
Relação com a perspectiva
O escorço nada mais é do que a aplicação da perspectiva à anatomia.
As formas do corpo (cilindros, esferas, caixas) sofrem compressão visual dependendo do ângulo em que são vistas.
Efeito visual
Partes próximas parecem maiores.
Partes distantes parecem menores.
Entre elas ocorre um “encurtamento” (daí o termo escorço).
Exemplo clássico
Se você desenha uma pessoa deitada, com os pés voltados para o observador, os pés parecerão enormes, enquanto a cabeça, ao fundo, parecerá bem menor.
Um exemplo famoso é o quadro “Cristo Morto” (c. 1480), de Andrea Mantegna, que explora o escorço de forma dramática.

Dificuldades comuns
A tendência do iniciante é querer “alongar” o membro para não parecer desproporcional.
Mas o segredo é confiar na geometria da perspectiva e simplificar o corpo em formas básicas (caixas, cilindros, esferas) para guiar a proporção.
Dicas práticas de estudo
Estudar poses fotografadas em ângulos extremos.
Reproduzir esculturas ou obras clássicas que exploram o escorço.
Usar modelos 3D ou bonecos articulados para testar ângulos.
Praticar o método de construção em volumes simples antes de adicionar detalhes anatômicos.
Resumindo: o escorço é essencial para dar profundidade, realismo e dramaticidade ao desenho de anatomia. Ele mostra que o artista domina não só a proporção, mas também a ilusão espacial.
