
Há anos tinha um evento de que eu participava, e gostava demais de ir, que era o Desenhe Aqui, uma reunião mensal de desenhistas
Eram encontros no restaurante Capitão Gourmet, na Trindade em Florianópolis, reunia uma vez por mês um grupo de jovens desenhistas e alguns veteranos, como eu, Romeu Martins e o Xalberto, para desenhar e falar sobre desenhos. o evento era promovido pelo Kayuá Waszak, um grande amigo.
A dinâmica de trabalho dos encontros era uma rotina simples: um debate sobre um tema e depois o desafio de desenhar sobre determinado tema, e os desenhos deveriam ser elaborados durante o encontro.
Um dos temas foi: Quando um desenho está pronto? Por incrível que pareça eu nunca havia refletido sobre de quando considerava que eu tinha aprontado um desenho meu. Eu desenhava, aprontava e pronto: entregava.
Aí me deu a ideia de escrever sobre decisão, fazer dessa aula a primeira do semestre, a aula de abertura para meus alunos pudessem refletir sobre as decisões a serem tomadas para suas atividades.
Na realidade um desenho está pronto, no meu caso, chargista durante anos, no dead line, ou seja, na hora de mandar para a paginação, na hora que executei a ideia, estivesse o desenho bom ou não, eu tinha de enviar para imprimir o jornal, eu não era bom o suficiente para a rotativa ficar me esperando eu, o gênio, achar que fiz uma obra de arte e mandar para o deleite dos leitores, eu tinha de decidir se um traço a mais ou a menos não faria falta, era assinar e mandar para a página.
Uma charge, uma simples decisão de estar pronta ou não, achei que daria uma boa aula para exemplificar que a vida é tomada de decisões, diariamente.
No vídeo eu falo sobre a tomada de decisões para os desenhistas, de que desenho fazer, de como fazer até a tomada de decisão de assinar esse desenho abaixo, será que cabia mais um traço? Mais uma hachura? Estava perfeito? Não, eu tinha de entregar, assinar e pronto. Estava entregue.

Saudades desses encontros, Clóvis! Tantos trabalhos e interações surgiram a partir deles. Depois que o DA acabou, houve um isolamento muito triste de nossa cena de quadrinhos, apesar de vivermos um momento bem mais intenso de possibilidades de publicação.
Nem me fala, Romeu, eu que sou meio isolado, bicho-do-mato, no Desenhe Aqui eu me sentia em casa esperava ansiosamente o evento.