
Em 1972, o Brasil ganhava um marco histórico no cinema de animação: Piconzé, o primeiro longa-metragem nacional feito totalmente em cores. Dirigido e produzido por Ippe Nakashima, cartunista e animador japonês naturalizado brasileiro, o filme consolidou um passo decisivo na trajetória da animação no país.
Nakashima, apaixonado pelo desenho e pela cultura popular, fundou o estúdio IBESA Filmes, em São Paulo, para realizar o projeto. Com uma equipe reduzida e dedicação artesanal, ele levou cerca de cinco anos para concluir o longa — um feito admirável em uma época em que o cinema de animação brasileiro ainda buscava identidade e estrutura.

A história acompanha Piconzé, um jovem sertanejo que parte em uma jornada para resgatar sua amada Maria Esmeralda, sequestrada por um rei invejoso. Ao lado de seus inseparáveis companheiros — Papo Louro, o papagaio falante, e Chico Leitão, o porquinho espirituoso — o herói atravessa florestas encantadas e reinos mágicos povoados por figuras do folclore brasileiro, como o Saci, o Curupira e a Iara.
Com traços vibrantes e uma paleta de cores intensas, Piconzé traz um visual que mescla influências da animação japonesa com o clima tropical do Brasil. Sua trilha sonora reforça esse caráter nacional, mesclando ritmos regionais e temas populares.
Embora tenha passado discretamente pelos cinemas da época, o filme permanece como um marco pioneiro da animação brasileira — símbolo de criatividade e perseverança. Piconzé é a prova de que, mesmo com poucos recursos, era possível sonhar alto e colorir as telas com imaginação genuinamente brasileira.
