
Lançado em 2000, o curta-metragem de animação Father and Daughter, dirigido e escrito pelo holandês Michael Dudok de Wit, é uma das obras mais premiadas e sensíveis da animação mundial. Com apenas oito minutos de duração, o filme conquistou o Oscar de Melhor Curta de Animação em 2001, além de prêmios nos festivais de Annecy, Edimburgo e BAFTA, entre outros.
A narrativa é simples, mas profundamente simbólica: uma menina se despede do pai, que parte em um barco e desaparece no horizonte. Ao longo dos anos, acompanhamos a vida dessa filha — da infância à velhice — sempre retornando ao mesmo local, à beira do lago, esperando o retorno do pai. A trilha sonora suave e a ausência de diálogos reforçam a atmosfera de contemplação e melancolia.
O estilo visual é marcante: desenhos minimalistas em tons sépia, com linhas delicadas e movimento fluido. A técnica de animação tradicional, feita à mão, destaca-se pela sutileza dos gestos e pela maneira como o tempo é representado — o envelhecer da personagem e a transformação da paisagem refletem o passar das estações e da própria vida.
Dudok de Wit, conhecido também por The Monk and the Fish (1994) e por ter colaborado com o estúdio japonês Studio Ghibli no longa The Red Turtle (2016), é mestre em explorar temas universais como o amor, a solidão e a transcendência através da simplicidade visual e da emoção contida.
Em Father and Daughter, ele transforma uma história de perda em uma celebração da memória e da permanência do afeto. O final — quando a personagem, já idosa, reencontra simbolicamente o pai — é de uma beleza silenciosa que dispensa qualquer palavra.
