
A trajetória da comunicação escrita atravessa milênios e revoluções tecnológicas. Tudo começou por volta de 3.200 a.C., quando os povos da Mesopotâmia desenvolveram a escrita cuneiforme sobre tábuas de argila.
Esse foi o marco inicial de um processo que levaria mais de quatro milênios para dar seu próximo salto: a criação da imprensa por Johannes Gutenberg, em 1440, na Alemanha. Sua invenção — a prensa com tipos móveis — transformou radicalmente a forma como o conhecimento era reproduzido, saindo das mãos dos escribas para alcançar um público muito mais amplo. E aqui começam os primeiros desempregos por conta da tecnologia, os copistas, profissionais que se encarregam de copiar manualmente livros, com caligrafia caprichosamente desenvolvidas em suas cópias, ilustrando com iluminuras (ilustrações, que podem incluir letras iniciais decoradas, figuras humanas, animais e arabescos, tinham como objetivo embelezar e enriquecer o texto, tornando-o mais atraente e significativo.)
A imprensa de Gutenberg dominou por séculos até que, em 1904, surgiu a impressão offset, técnica que usava chapas metálicas e rolos de borracha para transferir a tinta para o papel. Essa inovação melhorou a qualidade, velocidade e economia da produção gráfica, tornando-se padrão na indústria editorial.
Já em 1985, outra revolução silenciosa começava a transformar as redações: a editoração eletrônica. Com o uso de computadores e softwares gráficos como o PageMaker e o Macintosh, jornalistas e diagramadores passaram a montar páginas diretamente na tela, reduzindo etapas intermediárias e acelerando o fechamento de edições.
E aqui nesse panorama que eu entro, até então estudava os processos, cheguei a publicar alguns desenhos com clichês tipográficos na Gazeta de Alegrete e Jornal A Razão de Santa Maria, mas minha atuação foi forte mesmo em jornais offset, sobretudo atuando como editor de arte e chargista do Diário Catarinense, o primeiro jornal informatizado do Brasil
Se os copistas foram os primeiros desempregados do mundo moderno, todas as atividades copistas seguiriam no mesmo caminho. No infográfico que apresento demonstra o fluxograma de uma redação que parte:
Redação – onde são definidas as pautas, produzidos os textos editados pelos editores
Diagramação- quando os editores junto com os diagramadores passam a determinar onde irão as fotos e artes na página.
Departamento de artes e fotografias- estruturas de apoio para a redação ilustrar suas matérias onde ilustrações, infografias e fotografias são desenvolvidas. Enquanto as artes eram desenvolvidas, as fotos eram encaminhadas para o laboratório fotográfico para serem reveladas e ampliadas de acordo como tamanho definido pelo diagramador.
Digitadores- os textos dos redatores eram produzidos em máquinas de escrever, passando para os diagramadores formar as laudas (folhas especiais para os jornalistas escreverem suas matérias) onde os diagramadores definiam o tamanho das letras, tipo de fontes, largura das colunas onde com estas informações os digitadores digitavam os textos definidos pelo projeto gráfico.
Montagem de páginas- com os diagramas (esboços das páginas para serem arte finalizadas) onde montavam os textos, juntavam fotos e artes, desenvolvendo uma página técnica, pronta para ir para o fotolito.
Fotolitagem – Departamento que fotografa a página proveniente da montagem em filmes gráficos de baixa resolução que reproduz apenas o preto e branco.
Gravação de chapas – Processo que é transposto o filme gráfico para uma chapa de alumínio que será encaminhada para a impressão final.

No infográfico que apresento (sim, bem feio e grosseiro, se fizer legal vão dizer que usei IA, e, sim, a IA se oferece para fazer um infográfico para gente, mostro um exemplo adiante)
Na primeira parte da estrutura de uma redação é o funcionamento do Diário Catarinense, era um jornal parcialmente informatizado, a diagramação era tradicional, mas a redação informatizada, então se não desempregou, não abriu empregos para digitadores e revisores (partia se do princípio que o digitador era um indivíduo de formação apenas técnica e da necessidade de ter um revisor para corrigir eventuais erros)
Na segunda parte, se observa que a estrutura se enxuga muito, somem o departamento de montagem de páginas, laboratório fotográfico (a fotografia digital elimina esse processo) e o fotolito, indo direto para a gravação de chapas, impressão, circulação e leitor
Ao chegar no jornalismo Online o processo simplifica ao máximo com um desemprego praticamente total.
E acrescento um ponto de interrogação na Editoria de Arte, existirá ainda ou se manterá por caridade dos editores? Particularmente se manterá através de um editor. Enquanto fazia esse texto, a IA se ofereceu, sim, literalmente se ofereceu para fazer infográficos, timeline, até apresentações de textos que mostro aqui.

A timeline que a IA me ofereceu é simples, ícones bem básicos, lembram os primeiros ícones das primeiras interfaces gráficas dos anos 90, mas ela pode ser educada e fazer muito melhor, posso sugerir uma tipografia hierárquica, fontes para títulos, corpo do texto, legendas, pedir um projeto gráfico completo, eu só tenho saber o que pedir e ela fará, simples assim.
Com esse avanço, que considero inexorável, percebo que sobrará ao indivíduo, mais do que saber fazer, saber como fazer (um conhecimento profundo da teoria) e sobretudo como ser preciso ao dizer para a IA o que quer e precisa dela.
Ainda vou estudar muito esses processos e trazer para discutir aqui.
Parabéns pela aula, Mestre!
Obrigado, Dulce, se for acompanhar a história, vai dizendo o que acha. 🙂