
Em 1996, o público brasileiro foi surpreendido por um feito histórico: o lançamento de Cassiopéia, longa-metragem dirigido por Clóvis Vieira e produzido pela Start Desenhos Animados, de Campinas (SP).
O filme entrou para a história como a primeira animação totalmente digital em 3D gerada sem o uso de scanners ou captura de movimento, feita antes mesmo de Toy Story (1995) chegar aos cinemas.Enquanto o estúdio Pixar desenvolvia um sistema próprio de modelagem e renderização, Cassiopeia foi realizada com recursos limitados, em um ambiente tecnológico ainda incipiente no Brasil. Vieira e sua equipe criaram cada movimento, textura e iluminação manual e matematicamente, quadro a quadro, utilizando softwares pioneiros e estações gráficas que hoje parecem pré-históricas.
| “Foi um trabalho de amor e paciência. Naquela época, ninguém acreditava que fosse possível fazer um filme assim no Brasil”, declarou Clóvis Vieira em entrevistas posteriores. |
O resultado foi uma animação colorida, de narrativa simples, mas tecnicamente audaciosa. O enredo acompanha uma civilização alienígena ameaçada pela destruição de seu planeta, explorando temas de solidariedade, energia e sobrevivência — uma ficção científica que unia mensagens ecológicas e esperança.
Apesar do pioneirismo, Cassiopeia enfrentou sérios desafios na distribuição. O lançamento no Brasil ocorreu com pouca divulgação e em circuito reduzido, enquanto Toy Story, produzido com o apoio da Disney, dominava o mercado global. Ainda assim, o feito técnico da equipe brasileira impressionou a crítica especializada e conquistou o respeito de animadores e estudiosos.
Hoje, Cassiopeia é lembrado como um marco do cinema de animação nacional — uma prova de que a criatividade e a perseverança podem vencer as barreiras tecnológicas e orçamentárias. Seu legado inspira novos criadores brasileiros que seguem experimentando no campo do 3D e da animação independente.
