Uma HQ com sotaque mané

Super Contos da Ilha, em sua terceira edição, conta histórias da Ilha com uma linguagem bem própria.

D’Imitri Camargo Martins é o editor dessa revista que começa a entrar para o calendário de eventos anuais de Florianópolis, já em sua terceira edição, foi viabilizada através do Catarse, um sistema de publicação colaborativo, onde os leitores compram antecipadamente a revista.

Publicitário, ilustrador, produtor gráfico, diretor de arte, palestrante, professor, escritor de artigos e livros entre tantas outras atividades, D’Imitri tem as qualificações necessárias, e crédito, para capitanear e editar esta publicação. “Convocando” um time de primeira qualidade, reúne em suas páginas uma variedade de traços e estilos, de roteiros dos mais variados criando uma publicação de múltiplas representações gráficas, além da capa de Davi Leon que já é um cartão de visitas, começa com um bem-humorado texto de Gilmar Milezzi com ilustrações de Jean Milezzi (a particularidade muito legal de ser o pai e o filho trabalhando juntos), uma dupla de peso como um nobre abre alas dando passagem a escola de ilustradores de HQ da Ilha passando para um desenho realista como do Sandro Zambi ilustrando um misterioso roteiro de Romeu Martins, mandando a bola com outro roteiro para os desenhos estilizados do Rodrigo Tramonte, cruzando para os traços bem definidos em um linear contrastando com chapados de preto na história de Diogo Medeiros, além da presença do desenho feminino da Pâmela Yêmanja com um meio tom muito delicado em um desenho muito surpreendente. Assim como a história de Peri e Conceição, uma história de amor com o roteiro de Mika, o bardo e o desenho underground de Serafim. Tem também a presença do experiente Alex Guenther com um desenho bem definido tecnicamente, forte em objetos e arquitetura e uma história bem surreal. Janderson Bittencourt apresenta uma história bem tradicional, com uma ótima pesquisa histórica tanto arquitetônica quando da representação dos costumes e tradições da Ilha e, obviamente, não poderia deixar de passar o anfitrião D’Imitri com uma história em parceria com Paulo Roberto Alves de Almeida falando sobre o feitiço baleeiro, uma história muito mané da Ilha.
Receber o Super Contos da Ilha em Porto Alegre me fez lembrar do mar de Floripa, suas praias e seu sotaque tão peculiar, dos dias que ia ler e almoçar em algum restaurante na beira da praia e ver o dia passar. Essa publicação deveria ser lida assim, na beira da praia tomando cerveja e comer camarão.